A cearense Luana Pires, que mora na Turquia há quase dois anos, revelou que ela e o marido — também cearense — mantêm uma “bolsa emergência”, com itens básicos para o caso de evacuação devido a terremotos ou outras tragédias. Ela, que é psicoterapeuta, e Marcelo Bastos residem em Istambul, cidade mais ao norte do país. Ele, inclusive, está na Turquia atualmente, enquanto ela visita familiares em Fortaleza.

Um terremoto de magnitude 7,8 atingiu a região central da Turquia e o noroeste da Síria na manhã desta segunda-feira (6), causando cerca de 3.000 mortes nos dois países e deixando mais 7 mil pessoas feridas, além de milhares de desaparecidos — até a publicação desta reportagem. Na Turquia, 2.300 morreram, segundo o último balanço do governo; na Síria, foram 1.444.

“A gente tem uma bolsa de emergência, que o governo indica que a gente tenha com cópia de documentos, muda de roupas, mantimentos básicos, primeiros-socorros. Então, a gente já tem uma ‘malinha’ caso precise evacuar o prédio. Sempre estamos em alerta para isso”, explicou Luana.

O casal, natural de Fortaleza, mora em Istambul há quase dois anos. Ela se mudou com o esposo e os dois cachorros devido ao emprego dele, que trabalha com desenvolvimento de jogos. Ela está em Fortaleza desde o último dia 11 de janeiro; veio para visitar a família e resolver questões pessoais.

A região de Istambul, onde o casal cearense mora, não foi atingida pelo terremoto desta segunda-feira, mas Luana disse que segue preocupada com receio de novos tremores.

“Eu fiquei muito preocupada, por estar distante. É algo que preocupa demais. Istambul não foi atingida, mas sigo preocupada porque disseram que pode ter outros terremotos durante a semana”, disse a psicoterapeuta.

Treinamento para terremotos

Luana disse que já experienciou terremotos em Istambul, mas nada com a gravidade da tragédia atual. No começo de 2023, inclusive, o governo turco promoveu um treinamento para ocasiões como essa.

“No começo desse ano, o governo fez um treinamento com a gente, com vídeos para simular um terremoto. Eles acionam todos os telefones, o governo é bem preparado para isso. Mas infelizmente é algo que não dá para prever, por mais que seja um país preparado”, disse a cearense.

Ela disse que pretendia voltar para a Turquia na próxima semana, mas deve adiar para o período do carnaval. “Dá uma vontade de voltar logo, por conta da preocupação. É algo que a gente tem medo, mas, ao mesmo tempo, quer estar perto de quem a gente ama”, complementou Luana.

Terremoto na Turquia e Síria

Este é o terremoto mais forte desde 1939 na Turquia, que fica sobre várias placas tectônicas. Segundo relatos, o tremor durou mais de um minuto e meio e gerou dezenas de réplicas. A última delas foi outro terremoto de magnitude 7,6 também na região central da Turquia por volta de 13h30 no horário local (07h30 no horário de Brasília).

A profundidade, de cerca de dez quilômetros, e a duração do tremor são dois fatores que explicam a grande destruição provocada.

Segundo as autoridades, se sabe que:

Segundo o último balanço do governo turco, 2.300 pessoas morreram na Turquia;
Na Síria, foram 1.444 mortos, segundo levantamento da agência Reuters;
Mais de 5 mil pessoas ficaram feridas, e milhares ainda estão desaparecidas;
Até a última atualização desta reportagem, mais de 40 réplicas foram registradas;
O epicentro foi a 10 quilômetros da superfície, segundo o Centro Alemão de Pesquisa em Geociências - esta é uma profundidade considerada baixa, muito próxima ao solo, e pode explicar, em parte, o tamanho da destruição provocada;
O epicentro do tremor foi no povoado de Kahramanmaras, próximo à cidade de Gaziantep, no sudoeste, bem perto da fronteira com a Síria, e atingiu um raio de cerca de 250 km;
O noroeste da Síria também foi fortemente afetado;
O tremor também foi sentido em Israel, Chipre e no Líbano;
Segundo o governo turco, mais de 45 países já anunciaram que enviarão ajuda humanitária e equipes de busca.

 

Fonte: G1 CE